Um sujeito chega para outro e pergunta: “E aí, já ouviu o livro novo do Paulo Coelho”? “Sim”, responde o outro. “Sou ouvinte assíduo “! Livro não precisa mais nem ser lido. Pode ser ouvido. Diferente de outros aspectos desta era da (des)informação, porém, isso não é necessariamente ruim.
Os chamados audiolivros – uma realidade já estabelecida e em plena expansão no mercado editorial – são instrumentos de inclusão cultural de valor inestimável para deficientes visuais. E em segundo, são também uma mão na roda para quem anda sem tempo para botar a leitura em dia e está sempre em trânsito.
Esta semana, a Fundação Pedro Calmon lançou o audiolivro – em formato DVD – A menina que não gostava de ler, de Lilia Gramacho, vencedora do Edital da Fundação Pedro Calmon – FPC de Autores Baianos de 2008. O livro estará disponível na Biblioteca Pública Anísio Teixeira (Ladeira de São Bento).
Já a Biblioteca Pública da Bahia, nos Barris, oferece mais de 270 títulos em audiolivro, disponíveis no Setor de Braille. “Aqui tem uma quantidade boa por que recebemos doações da Fundação Dorina Nowill (São Paulo), dedicada à inclusão de deficientes visuais”, conta a coordenadora do setor, Raquel de Ávila.
Abaixo, leia a entrevista de Paulo Lago, editor da Nossa Cultura, casa curitibana especializada em audiolivros que acaba de lançar o que deve ser o must da temporada no formato: Engolido pelas labaredas, do escritor e humorista norte-americano David Sedaris, narrado por Marcelo Tas, o âncora do programa CQC. Ouça também um trecho do livro, uma pérola de humor negro.
Paulo Lago, editor da Nossa Cultura:
1. Como a chegada de equipamentos como o iPad e seus similares tem impactado o mercado de audiolivros?
A chegada destes aparelhos têm impactado em todo mercado editorial e é o assunto do momento. As editoras ainda estão se adequando a este novo formato, é uma grande novidade. Para mim, esta é mais uma forma de cultura e entretenimento, que só aumenta o alcance da literatura e da leitura.
O humorista e homem multimídia Marcelo Tas (CQC), durante a gravação do audiolivro Engolido pelas labaredas. Crédito: Divulgação / Editora Nossa Cultura
2. Como o senhor faz a seleção de quais livros transformar em audiolivro? Qual o critério? Por que é clássico? Best seller? Ou por que tem potencial de ficar muito bom em audio, como é o caso do Engolido Pelas Labaredas (sem contar o potencial de venda, com alguém como o Tas narrando)?
Fazemos uma análise geral da obra, do autor, da escrita, do assunto e a repercussão que o título teve fora do país, já que a maioria das negociações fazemos diretamente com editoras estrangeiras. A partir deste trabalho inicial e depois da negociação contratual concluída, iniciamos o processo de tradução, revisão de texto e gravação. A escolha do narrador também é uma tarefa importante. Sempre buscamos um profissional que combine com a proposta e o estilo do livro, como foi o caso da escolha de Marcelo Tas para narras as crônicas de David Sedaris. O resultado ficou incrível.
3. Quais são os gêneros mais buscados pelos ouvintes de audiolivros?
Os brasileiros gostam muito de autoajuda, por isso um dos títulos de maior sucesso entre os nossos audiolivros é “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de Dale Carnegie. Logo atrás está “Pai rico, pai pobre”, escrito por Robert Kiyosaki e “Viva como você quer viver”, de Eduardo Shinyashiki, que também fez a narração do audiolivro. Mas os títulos de literatura também estão caindo no gosto do público, como é o caso do “O sol também se levanta”, de Ernest Hemingway.
4. Qual seria o narrador ideal de um livro? O próprio autor (no caso dele ainda estar vivo, claro)? Um ator identificado com o tema? Gente da área de comunicação falada (radialistas, narradores, apresentadores, jornalistas)?
Sempre que é possível, damos prioridade para o próprio autor, pois é uma forma de aproximá-lo ainda mais do seu público. Esta ‘intimidade’ agrada as pessoas, cria um elo bacana. Se não, como escrevi na pergunta 2, traçamos um perfil desejado do narrador, de acordo com a obra. No caso das obras literárias, damos prioridade à atores e/ou atrizes. Nas obras técnicas, locutores e narradores profissionais funcionam muito bem.
5. Por que o senhor acha que o mercado de audiolivros está em expansão? Por uma necessidade da ampliação de conhecimento aliada à falta de tempo para ler? Ou por um modismo? Tudo isso junto e mais alguma coisa? O que?
A falta de tempo, a correria do dia a dia com certeza é um ponto que conta para aumentar o interesse das pessoas pelo audiolivro. Em São Paulo, é muito comum que as pessoas, presas nos engarrafamentos, aproveitem este tempo para ouvir um livro. Os audiolivros também são ótimas opções para se ouvir na academia, durante a prática de exercícios físicos. Fora do país, na Alemanha e nos Estados Unidos, as pessoas são acostumadas a ler um capítulo de um livro e ouvir ao outro. Há uma integração entre os formatos. Mas ainda há muito o que crescer
Fonte:A Tarde
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