O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) pretende mostrar no programa "CQC" na próxima semana uma foto de seu cunhado que, segundo ele, é "75% negro e 25% branco", para provar que não é racista. As informações são da Folha de S. Paulo.
Acusação de racismo
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP) participou do programa CQC na noite desta segunda-feira e suas declarações supostamente racistas e homofóbicas estão sendo amplamente comentadas no Twitter. Ele foi convidado do quadro "O povo quer saber", no qual personalidades respondem perguntas de populares, no entanto a resposta mais polêmica partiu de uma pergunta da cantora Preta Gil. O nome do político é o termo mais comentado do microblog em todo o país.
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Após utilizar seus clichês conservadores e defender o regime militar, Bolsonaro foi questionado por Preta Gil sobre o que ele faria caso seu filho se apaixonasse por uma negra. Ao que ele respondeu: "Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro este risco e meus filhos foram muito bem educados. E não viveram em ambientes, como lamentavelmente é o teu".
A filha do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil comentou em seu perfil no Twitter que acionou seu advogado e pretende processar o político. "Irei até o fim contra esse deputado racista, homofóbico, nojento, conto com o apoio de vocês", escreveu.
O deputado estadual, Flávio Bolsonaro, filho de Jair, defendeu o pai também através do microblog. "Estou esclarecendo que o Bolsonaro entendeu errado a pergunta, difícil entender? Jair Bolsonaro não é racista nem homofóbico, é apenas contrário às cotas raciais e à apologia ao homossexualismo", afirmou.
Notificação
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), informou que já encaminhou para a corregedoria da Casa as representações. Agora, a corregedoria notificará Bolsonaro, que terá 5 dias úteis para apresentar defesa. A denúncia então vai para a mesa diretora da Câmara, que decide se manda o caso para o Conselho de Ética.
O deputado Chico Alencar (PSOL) divulgou nota pedindo urgência na análise das representações: “O deputado , com suas declarações racistas e homofóbicas, não pode se amparar no art. 53 da Constituição, que garante a inviolabilidade parlamentar por opiniões e palavras. Esta imunidade não protege quem tem procedimento incompatível com o decoro parlamentar, como reza o art. 55, § 1º, da mesma Constituição”, escreveu. Preta Gil não falou.
Mais de 10 mil protestam na Internet
Mais de 10 mil pessoas já demonstraram apoio na Internet ao protesto contra as declarações de Bolsonaro na televisão. Em um perfil criado no Facebook, os manifestantes mostraram estar revoltados com o deputado.
Ontem, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa organizou um ato de repúdio às falas do deputado no Centro da cidade.
O presidente da OAB do Rio, Wadih Damous, disse que na representação de sete páginas encaminhada à Mesa Diretora da Câmara, afirma que Bolsonaro cometeu crime de racismo e homofobia. Ele pede a abertura de processo contra Bolsonaro, que pode resultar em sua cassação: “Agora está com eles (a Câmara). Não há mais nada que possamos fazer”.
Tirica, outro deputado em polêmica
O Tribunal de Justiça do Rio manteve a decisão que condena a gravadora Sony Music por uma música composta pelo agora deputado federal Tiririca. A ação, movida por ONGs de promoção da igualdade racial, foi iniciada em 1997 e a decisão desta semana ratifica a de 2004.
A música de que trata o processo é ‘Veja os cabelos dela’. A acusação argumenta que a música é racista. Um dos trechos criticados é o que diz “essa nega fede, fede de lascar; bicha fedorenta, fede mais que gambá”. A indenização inicial estipulada em 2004 seria de R$ 300 mil, mas deve ser reajustada retroativamente à data da ação.
“O maior valor da sentença é o reconhecimento pela Justiça de que a música ofende as mulheres negras”, disse Lúcia Xavier, coordenadora da ONG Criola. Lúcia ressaltou que a indenização irá para fundo público, que usará o dinheiro em ações contra racismo e discriminação de gênero.
Tiririca não foi citado na ação, já que não tem mais contato com a gravadora. A Sony Music vai recorrer da decisão: “Esse processo corre desde 1996. A Sony venceu na primeira instância, e cabe recurso”, afirmou a empresa, por meio de sua assessoria.
Fonte:O Dia
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