O comediante Danilo Gentili encerrou, no início da madrugada deste sábado, a temporada de seu espetáculo, no teatro do shopping Frei Caneca, em São Paulo, com lotação esgotada (600 lugares). Por volta das 2h30, ele ainda autografava, no camarim, seu recém-lançado livro "Como se tornar o pior aluno da escola". Seu solo de stand-up comedy só volta a entrar em cartaz no dia 5 de fevereiro.
A apresentação começou por volta de 0h30 e durou um pouco mais de uma hora e meia. O público ri do início ao fim. Gentili faz piadas com irritações do cotidiano das grandes cidades, como congestionamentos no trânsito, filas em bancos, dinheiro falso e abordagem de mendigos. Um dos momentos de maior gargalhada dos espectadores envolve a cantora e atriz Preta Gil.
"Meu carro é tão feio que, se ele fosse um transformer, ele iria virar a...Preta Gil", brinca o comediante, depois de relatar as desvantagens do seu veículo (ladrões rejeitam roubá-lo, mesmo a pedido do dono interessado em receber só o seguro, a bomba do posto de gasolina "brocha" diante do carro, o menino do semáforo diz "toma, tio, dez centavos, o seu carro é muito feio").
Na última apresentação do ano, Danilo Gentili volta a brincar com Preta Gil, mas admite "não gostar desta piada"
No seu último espetáculo do ano, Gentili tentou minimizar o impacto da comparação: "Não gosto desta piada, sabia? Piada fácil, desagradável. Só conto porque vocês sempre riem." A plateia gargalha mais ainda.
Neste ano, o comediante já trocou farpas com a cantora no Twitter. Também causou polêmica com comentários considerados por alguns como racistas.
Como é de se esperar de um humor politicamente incorreto, Gentili tira sarro com referências do público de baixa renda, como as cidades da periferia da Grande São Paulo, com a Praia Grande (Baixada Santista). Há ainda os comentários escatológicos e de forte apelo sexual.
Nada escapa à metralhadora do integrante do programa "CQC" (Band), com escárnio e deboche com padres-cantores, candomblé ("Exu consegue tudo, menos uma tigela de farofa"), homossexuais, papai noel ("Veio do Pólo Norte para o Center Norte, shopping de SP) e até a própria mãe (ele quer que sua genitora aprender a urinar em pé). São perguntas e respostas curtas e grossas, debochadas e até infames.
O texto do espetáculo (uns dez temas-chaves, cada um desenvolvido em quase dez minutos) é todo costurado com frases de duplo sentido, questionamentos sobre discursos prontos, situações absurdas da rotina de uma trabalhador, de personagens que não gostam de ser subestimados por causa de classe social.
O figurino de Gentili (boné, camisa preta, jeans e All Star preto) reproduz bem o jeito simples de alguém que poderia ser um office-boy, um motoqueiro ou um estudante de renda curta, que não se acomoda e está consciente das injustiças sociais. Há espaço até para condenar a prática de rodeios e a crueldade contra os animais. A plateia do último show estava bem dividida, com uma leve predominância de mulheres jovens, arrumadas e vaidosas, que soltavam gritinhos e enfrentaram um longa fila diante do camarim, com o livro na mão, em busca de um autógrafo. "Comporte-se" era o que ele escrevia.
Fonte:http://noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2009/12/12/danilo-gentili-autografa-livro-na-madrugada-e-volta-a-fazer-piada-com-preta-gil.jhtm
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