segunda-feira, 5 de julho de 2010
Os pitacos de Tas
O careca mais simpático e 'gracinha' do país conta sua história, sua trajetória, revela um pouco de seu raciocínio e os segredos de tanto sucesso. O apresentador do programa humorístico (e jornalístico) mais bombado do Brasil ainda deixa seus pitacos sobre eleições e Copa 2010
Ele chegou com um paletó de camurça vinho, calça jeans e all star. Desse visual somente os óculos lembravam o novo 'papel' de Marcelo Tas, o âncora do programa CQC, o novo frison dos últimos tempos da televisão brasileira. O programa que mistura jornalismo, investigação e denúncia com humor. Sim! Humor, meus amigos Aliás, a fórmula é muito bem vista pelo apresentador justamente pela dificuldade que existe em se tratar assuntos sérios com um pouco de picardia. Todas as segundas-feiras na Band, eles fazem as perguntas que todos os brasileiros têm vontade de fazer aos deputados e senadores e prefeitos corruptos (ou não!), mas que, na maioria das vezes, nem jornalistas têm coragem de fazer. Marcelo Tristão Athayde de Souza já esteve segurando microfones e incomodando os poderosos do país, na pele de Ernesto Vilela pôde perguntar ao excelentíssimo Maluf. ``Muitas pessoas não gostam do senhor, dizem que o senhor é corrupto. É verdade isso, deputado?´´.
Mas ele também já fez a cabeça da criançada brasileira da década de 90 ao atuar como o saudoso professor Tibúrcio, nessa posição respondendo perguntas. Escrevendo roteiros para o Ra-tim-bum em uma parceria com Fernando Meirelles e TV Cultura - parcerias estas que duram até hoje, com alguns intervalos comerciais, nos entremeios de outros projetos em que ele se enfia.
A fase cinquentona o faz repensar seu papel no mundo. E adivinha a que conclusão ele chega? Que estamos nesse mundo para representar o 'espírito de porco'. Na entrevista abaixo, descubra por que o engenheiro civil, que nunca atuou como tal, e hoje em dia se definiria como comunicador, ou melhor, educador-comunicador, define seu papel como um espirito de porco. Num ótimo sentido, com humor e seriedade, como em toda a sua carreira.
Pergunta do Leitor: “Você tem vontade de ir pra rua e ficar cara a cara com o entrevistado? Como você fazia no papel de Ernesto Varela.
No momento, não. O trabalho que eu faço é novo para mim, não é fácil. É o trabalho de contextualizar aquela maluquice e, mesmo que não pareça, é uma função que me exige muito; de ter que entender do que estou falando, porque o CQC só tem graça porque ele lida com fatos que estão acontecendo se a gente começar a ser leviano, mesmo brincando com a parte jornalística, o programa perde a graça. E isso é que nos diferencia de outros programas de humor, porque nós fazemos jornalismo e humor com a mesma seriedade. Nós temos humoristas e jornalistas profissionais e não estou comparando o CQC com outro programa. Existe um trabalho sério de investigação jornalística para a apresentação do programa, na hora da reunião de pautas para poder discutir com os meninos e a menina e isso me dá muito prazer e trabalho.
Às vezes eu vejo o Gentilli fazendo umas perguntas e penso, 'meu deus!'. Precisa ter coragem para fazer perguntas que põem os entrevistados contra a parede? Como a famosa pergunta que você fez para o Maluf...
Precisa ter coragem e pontaria, porque se você errar a pontaria a chance de você ser leviano ou ser simplesmente agressivo, mas se você é agressivo e bem humorado, como o Danilo é na maioria das vezes, é preciso ter coragem sim. Porque você vai falar uma coisa que tá todo mundo louco para falar. Tem muito jornalista que acha que não pode, essa combinação de tratar um assuntos sérios na corda bamba do humor. Essa combinação me agrada muito e é muito difícil de ser feita, talvez, por isso agrade tanta gente.
Voltando a falar de futebol, qual a importância de uma copa ser feita na África?
Tem várias coisas: primeiro que a África é um continente totalmente ignorado por nós. E eu me incluo nesse 'nós'. É o berço da civilização, onde tudo foi descoberto, as linguagens, o que aconteceu no Egito, ali existiu o primeiro google do mundo: a biblioteca de Alexandria, grandes filósofos e grandes culturas e continua sendo um continente desconhecido e extremamente injusto, o continente mais violento, de lutas étnicas. Luta entre brancos e negros, entre negros. Ditadores negros que esfolam pessoas vivas. Centenas de línguas, música, enfim, é uma caixinha que a gente ainda não conhece. Então, é muito legal que a Copa aconteça lá e estou estou torcendo muito para que as coisas andem bem e que a gente posso tirar boas lições daí.
Fonte:Revista UP
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