domingo, 1 de agosto de 2010

Danilo Gentili: do shopping center ao estrelato

Antes ele era carregador de caixas. Hoje, Danilo Gentili é um dos maiores nomes do humor brasileiro

“Eu cresci consumindo filmes, seriados e desenhos animados mais do que matérias da escola. De certa forma, posso dizer que a comédia faz mais parte da minha formação do que aquilo que os professores tanto se esforçaram para me passar”, afirma Danilo Gentili, 30 anos. Não à toa, o integrante do “CQC” (Band) é hoje um dos grandes nomes do humor no Brasil.

Constantemente envolvido em situações polêmicas - Gentili já sofreu agressões durante entrevistas e foi condenado por comentários ácidos que fez sobre celebridades em sua página no Twitter -, ele conta que sua motivação na hora de escrever é a lembrança do antigo emprego: carregador de caixas em um shopping. “Isso é o que me inspira a criar, até porque, se eu não criar, é para lá que eu volto”.

O humorista revela que não se preocupa em se meter em confusões quando tem de mostrar histórias como a da escola que corre risco de soterramento em São Bernardo do Campo (ABC) - explorada pelo quadro “Proteste Já!’’, um dos de maior repercussão do “CQC’’. “É isso que o programa faz: busca a reportagem custe o que custar. Algumas pessoas entendem, gostam, participam. Outras preferem apelar. E eu, o que prefiro? Qualquer uma das coisas, desde que renda uma boa reportagem’’, explica.

ALFINETADAS

Gentili diz não se importar com as críticas recebidas por seus comentários polêmicos sobre famosos, como o que fez sobre a apresentadora do SBT Hebe Camargo - no dia do aniversário de 81 anos dela, ele a comparou a uma múmia. “Acredito que as risadas dos meus fãs, público para o qual escrevo as piadas, são maiores do que as críticas. Se tem uma coisa da qual me arrependo é de perder a oportunidade de fazer uma piada. Nunca o contrário’’, afirma.

O ator aproveita a deixa para alfinetar os artistas brasileiros. “É uma classe chata, que se leva muito a sério. Todo mundo tem, o tempo todo, de puxar o saco, dizer como eles são importantes, lindos e talentosos. O cara que fizer uma piada com algum tropeço deles está fadado ao boicote. Isso é algo que beira o provinciano’’, diz Gentili.

As críticas do “CQC’’ sobram também para a imprensa. “Como a autoestima do brasileiro é baixa, é difícil fazer piada com as nossas mazelas. Basta ver os casos do Robin Williams e do Sylvester Stallone [atores], que fizeram um comentário comicamente exagerado sobre o país e acabaram criticados’’, afirma. “A manchete dos veículos de comunicação nunca é ‘ator faz piada sobre o Brasil’, e sim ‘americano faz comentário preconceituoso sobre a nossa pátria’. É preciso inteligência e segurança para rir de si, e isso falta para grande parte das pessoas”, completa.

TEATRO X TV

Antes de estrear na televisão, Gentili já era estrela de teatro em São Paulo. O ator, que subiu ao palco pela primeira vez em 2005 e é considerado um dos precursores da comédia “stand-up” no Brasil, lotava casas noturnas com seus shows de humor. Sem citar ídolos - “isso é a deixa para puxar o saco dos amiguinhos ou querer ganhar moral com alguém” -, Gentili conta que prefere o teatro à televisão. “Na TV, tem muito mais envolvido, o poder de alcance é maior, e você sabe o que o tio do Homem-Aranha dizia: ‘Quanto maior o poder, maior a responsabilidade’. E ser responsável é muito chato!”, afirma.

NOVOS PROJETOS

Até o fim deste ano, Gentili deve ganhar um novo programa na Band. Ainda sem nome, a atração terá auditório. O humorista adianta os detalhes: “A ideia é ser tipo um ‘Late Night’, formato já consagrado nos EUA e na Europa, mas pouco explorado em todo o seu potencial aqui”, conta. “Acho que o segredo é absorver a personalidade do apresentador. É como se ele fosse um terno. Está longe de ser uma novidade no mundo da moda, mas, se for ajustado para ficar bonito para quem vê e confortável para quem veste, pode causar boa impressão. É por aí que vamos mirar. Creio que o caminho para isso acontecer seja toda a equipe envolvida no projeto se divertir em cada etapa”, completa.

O humorista diz não temer um possível desgaste da sua imagem quando estiver com as duas atrações no ar. “O que desgasta são coisas ruins, pretensiosas e falsas. O programa é uma aposta da Band, da Cuatro Cabezas [produtora] e de todos que apoiaram a ideia desde o início. Apostas podem dar lucro ou perda, mas confesso que estou empolgado e gastarei uma boa quantidade de fichas nisso’’, fala.

Os lançamentos de um livro infantil e de um desenho animado também estão nos planos do ator. “Ah, e pretendo mudar de sexo em 2013. Já marquei até a operação’’, encerra, brincando, Gentili.

Fonte:Diário do Pará

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