Mulheres conquistam mais espaço em humorísticos com elenco predominantemente masculino e debatem seus papéis nas atrações do gênero
Foi-se o tempo em que a típica figura feminina no humor da TV era a boazuda em trajes mínimos que servia de escada para marmanjos fazerem graça. Hoje, os programas do gênero trazem mulheres em papéis que vão além dos de meras coadjuvantes. Com estilo próprio, Maria Paula, Sabrina Sato, Mônica Iozzi e Dani Calabresa são símbolos de uma nova era: dividem a cena de igual para igual com seus colegas homens, que continuam a ser maioria.
As não estão ali só para sair bem na foto. As caretas feitas pelas quatro reforçam essa nova postura. Ou alguém acredita que as humoristas do “Casseta & Planeta urgente” (Globo), “Pânico na TV!” (Rede TV!), “CQC” (Band), e “Comédia MTV” estão no ar como meros enfeites?
“A verdade é que a gente entra para ocupar o espaço da gostosa. Mas cabe a nós mesmas cavar outras coisas”, ensina Maria Paula, que viu sua função aumentar nesses 16 anos no “Casseta”. “ Minha participação era bem pequena no início. Hoje sou uma coringa que pode fazer a gostosa, a mocreia, a política ou a estrela da novela”. Reconhecida pelo talento ao recriar tipos, Maria Paula, de 39 anos, cresceu na TV depois de passar a satirizar personagens de novelas.
Mas a Dona Casseta não renega os tempos em que fazia a audiência subir com sua entradas, ao vivo, a bordo de tops diminutos. “Não tenho problemas em expor minha feminilidade. Mas o meu contrato é muito bem assinado: para botar a bunda de fora no programa a gente contrata figurante”, brinca.
A "boazuda" entra no time
Essa mudança de papel também fica bem evidente ao lembrar da trajetória de Sabrina Sato, do "Pânico na TV". Se hoje ela é titular das reportagens feitas em Brasília e já ganhou a primeira página dos jornais ao fazer o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) vestir uma cueca vermelha no Congresso, no passado, a Japa - como é chamada pelos colegas - exibiu suas curvas em detalhes no extinto quadro "Lingeries em perigo". "Tenho inteligência emocional e isso conta na hora de lidar com aqueles homens todos", assegura Sabrina.
Mulher com papel de maior destaque na atração - as panicats entram em cena seminuas e quase mudas -, a ex-BBB também faz questão de participar das reuniões de pauta do dominical, onde é tratada como parte da galera. "Quando entrei no "Pânico" era praticamente virgem. Só tinha tido dois namorados. Hoje sou da "máfia". Eles são todos meus amigões, sabem meu currículo amoroso e dão palpite no meu namoro (com o deputado federal Fábio Faria)".
Bom humor x vaidade
Coapresentadora do "Furo" e integrante do "Comédia MTV", Dani Calabresa também faz a linha escrachada, antes vista como marca masculina. Parte da nova geração, ela afirma que a mulher se distancia do humor por medo de se expor. "Homem é mais louco e moleque desde criança. Abaixa as calças na frente de todo mundo. Já as mulheres são vaidosas. Querem estar bonitas na TV para sair em capa de revista de boa forma. Elas não se expõem ao ridículo. Tanto que minhas amigas morrem de vergonha quando me veem no teatro", conta Dani, de 28 anos.
Calabresa diz ter sempre convivido com homens e mulheres na mesma proporção. Hoje, não se intimida ao participar das conversas dos marmanjos nos bastidores da TV. E tampouco fica grilada em puxar um papo mulherzinha com Talita (ou Tatá) Werneck, a outra garota do elenco do "Comédia MTV".
"Os meninos nos contam dos encontros deles com as mulheres. E a gente não tem vergonha de comentar que está precisando depilar a virilha", diz Dani. A convivência com os homens, que inicialmente pode até parecer incompatível, aos poucos aproxima os dois universos, contam as moças.
Sem moleza
Apesar de ser "tratada como rainha", Maria Paula diz que não tem moleza por ser a única garota do pedaço. "No começo eu ficava um pouco constrangida com os termos mais picantes. Hoje eu adoro! Aprendi a ter um raciocínio mais rápido e ter mais humor. Vivo num mundo do duplo sentido", exagera.
Há sete anos no humorístico da RedeTV!, Sabrina é outra que precisa ter cuidado com o que diz. "Não tinha maldade e nem pensava numa conotação sexual ao dizer algo. Hoje, se alguém fala da careca brilhante pergunto se é a de baixo ou a de cima", ri Sabrina, que incorporou hábitos tidos como masculinos. "O meu namorado reclama quando arroto ou uso os dedos para comer alguma coisa. Ele diz que preciso conviver mais com mulheres", confessa.
Prova de que o humor vigente na TV é o masculino? "Não sei... Mas no "CQC" a gente se coloca em situações que muita mulher não quer estar. Uso terno o tempo todo e vivo tomando porrada de segurança", diz Mônica Iozzi, repórter "caçula" da atração. "Mas fico à vontade. Nunca fui do clube da Luluzinha".
A "CASSETA" Maria Paula e a única mulher da turma do "CQC", a novata Mônica Iozzi
DANI CLABRESA integra o "Comédia MTV" e o "Furo". Já Sabrina Sato é destaque no "Pânico na TV"
Fonte:Diário do Nordeste
segunda-feira, 7 de junho de 2010
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