domingo, 3 de janeiro de 2010
'CQC' é eleito pelos leitores do JB o melhor programa de TV em 2009
Daniel Schenker, Jornal do Brasil
RIO - O público até pode traçar paralelos com o tom ácido e irreverente do TV Pirata, que marcou história na televisão brasileira, ou com o bem-sucedido deboche do Casseta & Planeta. Mas o CQC (Custe o que Custar), exibido pela Rede Bandeirantes desde 17 de março de 2008, encontrou uma personalidade própria dentro do humor brasileiro. E olha que o modelo é argentino – o programa Caiga quien Caiga, transmitido desde 1995 no país vizinho. A adequação da fórmula à TV nacional vem dando certo, como comprova a eleição como o melhor programa de 2009, através dos votos computados pelo JB Online.
– O CQC é um projeto que passou por algumas adequações ao desembarcar no Brasil. Originalmente, era mais político do que voltado para o mundo do entretenimento. A princípio, ir aos teatros e às baladas não estava muito previsto. Mas o brasileiro gosta do universo das celebridades – sublinha Rafael Cortez, que tem experiência como clown e na stand up comedy.
Apresentado por Marcelo Tas, com Marco Luque e Rafinha Bastos, na bancada, e Cortez, Felipe Andreoli, Danilo Gentili, Oscar Filho, na reportagem, o programa ganhou, em setembro, o reforço da primeira “mulher de preto”, Mônica Iozzi, escolhida num concurso através do voto do público. Outro destaque do ano no CQC foram as matérias realizadas no exterior.
– Investimos na variedade de assuntos. Coberturas como a do Festival de Veneza foram marcantes – diz Andreoli, referindo-se à polêmica na qual se envolveu Rafael Cortez ao invadir o tapete vermelho para falar com celebridades presentes ao evento na edição de 2008.
Cortez confirma o risco que correu.
– Na hora deu medo, mas foi demais – relembra o repórter, que acabou detido pela polícia italiana.
Outras reportagens chamaram a atenção, como a vitória histórica de Barack Obama nos Estados Unidos e as centradas na Copa de 2010 e na conquista do Rio de Janeiro ao posto de sede das Olimpíadas de 2016.
– Esta cobertura foi bem legal, ainda que eu não seja particularmente favorável à escolha do Rio para sediar as Olimpíadas. Afinal, há outras prioridades – opina Andreoli.
Rafael Cortez enumera outras empreitadas memoráveis.
– A cerimônia da 5ª Cúpula da América Latina, Caribe e União Européia, em Lima, valeu pelo ineditismo. Falei num portunhol sem vergonha. E tiramos leite de pedra no Festival de Cannes desse ano – admite o repórter.
A matéria sobre pedofilia na internet, realizada graças à participação de uma atriz, que entrou em salas de bate-papo passando-se por adolescente, espelha uma importante faceta de denúncia do CQC, perpetuada em quadros como o Proteste já!, no qual Rafinha Bastos destaca problemas variados e cotidianos, como prevenção contra a dengue, sistema precário de transporte e dificuldades enfrentadas por portadores de deficiência.
O mundo político é um capítulo à parte. Numa medida polêmica, os integrantes do CQC foram proibidos de fazer matérias dentro do Congresso Nacional.
– Ao longo do tempo, o programa foi encontrando o seu limite. Em relação aos políticos, é legal incomodar até porque nos sentimos representando o que as pessoas gostariam de expressar. Mas não procuramos ser agressivos com os artistas. Não perguntamos para ofender. A proposta não é rir da cara das pessoas – garante Andreoli.
Os políticos, claro, não são entrevistados fáceis.
– O Fala na cara não foi para frente porque os políticos não toparam participar – frisa Andreoli, em relação ao quadro em que pessoas eram abordadas na rua por um repórter do CQC, que fazia perguntas sobre o político convidado a ir ao programa naquela semana. – Já Paulo Maluf é quase uma lenda. Às vezes, dá vontade de continuar conversando com ele com a câmera desligada para ver se permanece igual.
Entre os bons entrevistados, Andreoli destaca o atleta César Cielo, a atriz Juliana Paes e o cantor Luciano. Quadros voltados para entrevistas com celebridades, como o Repórter inexperiente, deixam saudade.
– Danilo ficou imortalizado na galeria dos humoristas brasileiros com este quadro – elogia Andreoli.
Por mais que os repórteres do CQC sigam uma pauta pré-estabelecida, o improviso é ingrediente fundamental no dia a dia da atração.
– Às vezes, os entrevistados nos surpreendem e no improviso damos uma réplica melhor do que qualquer frase pensada. Em geral, ficamos muito expostos – ressalta Andreoli. – Não sabemos quais as respostas que iremos ouvir. E nossa edição não privilegia só os melhores momentos do repórter.
Fonte: JB Online
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