segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Nosso homem no planalto
Autêntico e versátil, o humorista andreense Danilo Gentili destaca-se no CQC por importunar os políticos, principalmente os envolvidos em casos de corrupção, com perguntas diretas e inteligentes. Apesar das agressões que já sofreu - a mais recente delas foi cometida por seguranças do presidente do Senado, José Sarney - afirma que não teme ameaças.
Em entrevista ao Diário, comenta o polêmico episódio e, em tom humilde, diz não acreditar que seu trabalho possa incomodar as autoridades. "Acho, inclusive, que os políticos estão pouco se lixando para a gente mesmo."
DIÁRIO - Recentemente, você foi agredido por seguranças do presidente do Senado, José Sarney, durante reportagem no Congresso Nacional Como lida com a pressão de trabalhar com políticos e enfrentar esse tipo de situação?
DANILO GENTILI - Não me sinto pressionado. Pelo contrário, quanto mais verdadeira e constrangedora for a pergunta, mais tenho vontade de fazer. Tenho todo o apoio de produtores e jornalistas do programa, que conhecem bem esses assuntos, e pergunto com todo o prazer do mundo.
DIÁRIO - Mas nem em episódios como esse você se sente intimidado?
GENTILI - Não. Quando o cara me jogou no chão, fiquei mais feliz. Falei: ‘Pô, agora a matéria vai ficar mais legal''. Prefiro esses momentos de agressão porque, na verdade, só fazem bem para mim e para o programa.
DIÁRIO - Neste mês, o Congresso está em recesso. Você continuará fazendo reportagens políticas, com enfoques diferentes ou abordará outros assuntos?
GENTILI - No meio do ano, todo mundo fica maluco atrás de pauta, é normal. Mas não é porque o Congresso está em recesso que eu vou deixar de fazer. Na semana passada, fui a uma convenção do partido do Maluf. A gente vai onde houver um evento com um político.
DIÁRIO - Você acredita que, além do caráter humorístico, sua atuação cumpre papel jornalístico, ao cobrar os governantes e perguntar o que muitos gostariam de saber?
GENTILI - Olha, seria muita pretensão achar que uma pergunta minha incomoda um governador ou vai pressionar ele a fazer algo. Não acredito nisso, cara. Acho, inclusive, que os políticos estão pouco se lixando para a gente mesmo.
Então, não acredito que minha pergunta, ou a do produtor do CQC que é feita por mim, vá mudar nada. Agora, quando saio à rua com uma pauta para fazer entrevistas, minha preocupação é sempre informar e divertir, porque sou humorista, não jornalista. Sempre paro e penso: ‘Isso é divertido? Vai levar informação para o meu público?''. Tento dar as informações o mais mastigado possível para que o público mais leigo possa entender o que estou falando.
DIÁRIO - Ainda sobre a atividade jornalística, você declarou a uma publicação que era favorável ao fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Recebeu comentários de jornalistas discordando de seu posicionamento?
GENTILI - Pelo menos entre os que se manifestaram, uma minoria discordou de mim. Acho mesmo que é na rua que se aprende jornalismo, não na faculdade. Eu aprendi assim.
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