segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"A transformação das mídias tradicionais é inevitável" diz Marcelo Tas


"Após apresentar o CQC, a 1ª coisa que faço é ver no Twitter o que as pessoas falaram sobre o programa" diz TAS


Em Campo Grande, onde faz nesta noite a palestra “O poder das mídias sociais no relacionamento com seus clientes”, Marcelo Tas avisa que até as mídias mais tradicionais estão mudando e que ferramentas como o microblog Twitter serão determinantes nas eleições do ano que vem para a Presidência da República, Senado e outros cargos.

Não é uma opinião qualquer. Tas parece estar sempre um passo à frente dos outros. É um dos blogueiros mais premiados do País, tem 260 mil seguidores no Twitter e comanda o programa CQC, sucesso de audiência da Band.

Esbanjando bom humor e deixando escapar algumas piadinhas vez ou outra, Tas concedeu uma entrevista coletiva no Novotel e disse que todas as mídias estão se adaptando às mudanças, mesmo sem perceber. Jornais, revistas, canais de televisão e rádios usam e abusam de recursos como Twitter, blog e site.

“Todas as mídias são novas mídias, até as que não sabem o que está acontecendo. Um exemplo muito claro é o rádio que muita gente achou que ia perder terreno com a revolução digital. O rádio nunca esteve tão forte”, afirmou Tas.

Para ele, o comunicador também mudou. Tas conta que passou décadas sem ter o contato que hoje tem com o telespectador. Ele afirma que esse é o DNA da televisão: um veículo extremamente surdo, que só fala, mas que está sofrendo uma mutação.

O jornalista Marcelo Tas faz questão de saber o que o público está pensando. Ele diz que ouvir o receptor das notícias virou “uma prática quase espiritual”. Após apresentar o CQC (o programa é exibido ao vivo), a primeira coisa que faz é ver no Twitter o que as pessoas falaram sobre o programa.

Ele explica que é tanto comentário, que precisa selecionar um tópico específico para ler. “Quem faz televisão nunca teve essa chance”, ressalta.

Tas também desmistificou a história de que a internet afasta as pessoas. “A tecnologia, esse mundo digital, é a segunda forma mais eficiente (de interação) que existe. A primeira, vocês sabem, é o sexo. É mais interativo ainda. É mais banda-larga”, brinca.

“Tem muitos pais que dizem isso para mim: ‘ah, o meu filho fica isolado agora, trancado, não se comunica com ninguém’. Eu falo: querido, ele não está se comunicando com você. (Mas) Ele está se comunicando com 252 pessoas dentro daquele quarto”.

Fora Sarney - Muito à vontade, Tas também falou sobre política. Ele disse que o Twitter é uma das ferramentas que já está trazendo impacto nas eleições do ano que vem, quando será eleito o presidente da República e 2/3 do Senado será renovado (além das escolhas dos deputados federais e estaduais).

Tas disse que o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) já sentiu, via Twitter, o impacto do arquivamento das investigações contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). “Ele já sentiu o calor do Twitter. Aliás, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) também, o Twitter dele pegou fogo ontem. Então, eu vejo que isso já está acontecendo, não que isso vai acontecer”, afirmou. “Eu acredito que tem muitos políticos envolvidos nesse episódio, dessa maneira descarada de jogar a opinião pública no lixo, que vão ser surpreendidos na eleição”, acrescentou.

Durante toda a entrevista, Tas chamou Sarney (PMDB) de “imperador da mídia do Maranhão” e disse que não está frustrado pelo arquivamento das investigações contra o ex-presidente da República.

“Qual é o fim do Sarney? O fim do Sarney é uma tumba. Ele vai morrer, apesar de ser imortal, e vai morrer assim muito triste, muito mal na foto. É um ser humano que deve ter lá as suas virtudes, mas você já pensou em chegar aos 80 anos e ficar se defendendo de arrumar empreguinho para os seus parentes. Eu não gostaria de passar essa humilhação. É humilhante”.

Fonte: Campo Grande News

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